Por Marco Anônio Messere Gonçalves
O anúncio do presidente Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros impacta diretamente o comércio exterior e pode gerar efeitos significativos também no mercado de seguros. A medida, prevista para agosto, atinge principalmente o agronegócio, a indústria de base e empresas com exposição cambial.
Com o aumento do risco de inadimplência internacional e da instabilidade nas cadeias logísticas, cresce a demanda por soluções como seguro de crédito à exportação, proteção para riscos operacionais e cobertura para perdas financeiras — especialmente em um cenário de alta volatilidade cambial e pressões geopolíticas. E, logicamente, tensões como essa podem elevar o prêmio de diversos tipos de seguros.
Esse movimento também exige atenção redobrada dos corretores que atuam com seguros rurais e patrimoniais ligados ao agronegócio, setor que pode ser diretamente impactado com a elevação de barreiras tarifárias aos principais produtos de exportação brasileiros. Exportações de carne bovina, soja e milho seriam duramente atingidas, levando à redução de receitas para produtores e cooperativas, prejudicando também o faturamento nos seguros rurais (produção, patrimonial e multirrisco), no financiamento agrícola atrelado a exportações, e na demanda por crédito e seguros de crédito.
Além disso, a alta no risco-país pode exigir ajustes na subscrição e precificação, exigindo das seguradoras uma reavaliação do cenário de risco comercial.
Nos seguros em geral, além da alteração no volume de prêmios emitidos nas carteiras de transportes e crédito e o aumento do risco sistêmico em seguros de crédito e garantia, seria marcante necessidade de reprecificação e revisão de coberturas.
Para os profissionais do setor, é o momento de reforçar o papel do corretor como consultor, ajudando empresas a entenderem como o seguro de crédito funciona na prática, quais são os limites de cobertura e de que forma ele pode blindar financeiramente negócios inseridos no comércio exterior.